segunda-feira, 25 de abril de 2011

Redução do ativo ao seu valor recuperável - impairment


Estou republicando abaixo um texto de 2009, da Vanessa Adachi (Valor Econômico), que fala sobre a CESP, uma das primeiras entidades brasileiras a divulgar uma grande perda por impairment após a publicação da Lei 11.638. Em uma rápida busca na internet, é possível encontrar diversos textos sobre esse mesmo assunto, mas gosto de utilizar este em minhas aulas, uma vez que me parece mais isento e livre de alguns erros técnicos que são comuns em textos jornalísticos.

O objetivo de incentivar esse tipo de análise é criar uma visão crítica sobre normas, procedimentos e notícias que versam sobre assuntos técnicos.

"A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) encerrou 2008 com prejuízo de R$ 2,35 bilhões. Não foram as operações da companhia ou o impacto da variação cambial sobre a sua dívida os responsáveis por tão grande perda. O prejuízo foi consequência da aplicação das novas regras contábeis.
Uma das novas regras obriga empresas a realizar reavaliações periódicas de alguns ativos. E quando o resultado da reavaliação aponta para um preço inferior ao chamado custo histórico, e não existe perspectiva de recuperação desse valor no futuro, a companhia é obrigada a fazer um ajuste, que leva à perda.
Foi o que aconteceu com uma das usinas geradoras de energia da Cesp, Porto Primavera. E o ajuste foi tão grande que consumiu todo o lucro que a empresa teve com sua atividade no ano passado. Porto Primavera tinha valor contábil de R$ 13,38 bilhões e a diferença em relação à reavaliação foi de R$ 2,47 bilhões.
O grande problema é que Porto Primavera, que representa 20% da capacidade geradora instalada da Cesp, custou caríssimo para ser construída, o que se refletiu no seu valor bilionário, muito superior a todas as demais usinas da empresa. " Enquanto uma usina leva em média 7 anos para ser construída, Porto Primavera levou 22 anos. A usina começou a ser construída em 1978 e só foi concluída em 2001. Sua primeira concessão expirou em 2008 e foi renovada até 2028, quando não será mais passível de prorrogação, pelas regras atuais vigentes.
Para se ter uma ideia do quanto Porto Primavera custou caro, o valor registrado de todas as usinas da Cesp soma R$ 17 bilhões, dos quais ela responde pelos R$ 13,38 bilhões.
Embora tal ajuste não tenha representado uma saída de caixa para a empresa, ao longo do tempo essa perda se materializará. Se a usina for vendida, por exemplo, ou quando expirar a concessão para sua operação e o governo federal retomá-la.
Segundo Toledo, pelas regras contábeis antigas, a Cesp teria registrado um lucro de R$ 115 milhões no ano passado, mesmo contando o efeito negativo de R$ 664 milhões que a desvalorização cambial teve sobre a dívida em dólar. Por conta do prejuízo, a empresa não terá dividendos a distribuir agora."


a. Na sua opinião, a CESP registrou um prejuízo meramente contábil, ou seja, não tem nenhum significado econômico?
b. A perda registrada pela CESP é algo que afetará seus fluxos de caixa futuros?
c. Qual a sua interpretação sobre essa perda? O que ela revela?

14 comentários:

  1. Marisangela - Controller Avançado4 de maio de 2011 às 13:50

    respostas
    a)O prejuízo não foi meramente contábil, pois afetou os lucros da empresa.
    b) Essa perda não afetará os fluxos de Caixas futuros. Embora seja mensurada os ajustes, evidencia apenas uma redução do valor dos ativos geradores de caixa, porém a atitivadade operacional se mantém sem prejuízo, originando os valores do fluxo de caixa.
    c) Essa perda revela que os ativos da empresa estavam valorizados a um preço irreal, bem acima do valor de mercado. Talvez não tenha feito corretamente as depreciações. Embora seu Ativo tenha sofrido um impacto que causou prejuízos que não podem ser recuperados,a empresa é lucrativa e continua tendo suas atividades operacionais normalmente.

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  2. Eder Rocha - Controller Avançado

    a) O prejuízo registrado tem significado econômicos pois afetará o resultados da empresa diminuindo os dividendos a distribuir etc.
    b)Não haverá reflexos nos fluxos de caixas futuros (final da concessão) porque a usina é um bem público de propriedade da união e se no futuro a concessão for não renovada a posse da usina será devolvida a união, o que em geral não implica em compensações financeiras às concessionárias.
    c) Esta perda revela com as novas regras os administradores devem estar atentos ao real valor dos seus ativos e seus reflexos sobre os negócios. No caso da CESP não haverá impacto sobre a continuidade dos negócios, entretanto em outros casos a falta dos registros adequados pode por em ricos a continuidade dos negócios como foi o caso da Enron nos EUA, onde parte dos problemas ocorreu devido pela não recuperabilidade dos ativos(1).

    1 - Enron - Os mais espertos da sala (Enron: The smartest guys in the room, 2005)

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  3. Resposta caso CESP:
    a)Não, a perda não foi meramente contábil, pois economicamente a CESP demonstra ativos maiores do que realmente valem no mercado e podem influenciar a decisão incorreta de um administrador, bem como, afetou a distribuição de dividendos.
    b)Sim afeta no futuro, pois caso a empresa ou algum usuario da informação esteja contando com retorno pelo valor registranos nos livros, o fluxo de caixa será afetado diretamente, uma vez que no mercado o ativo perdeu seu valor.
    c)Minha interpretação é que o ativo estava superavaliado e apesar de não ter saida de caixa a empresa perde a capacidade economica dos ativos. A perda revela que a empresa não tem capacidade para gerar o retorno registrado nos livros, uma vez que o ativo desvalorizou no mercado.

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  4. Emerson Martorano - Controller Avançado
    a)O resultado foi meramente contábil.
    b)Sim, pois a capacidade de gerar fluxos de caixa ficou comprometida em relação ao valor investido versus tempo disponível para explorar este ativo sendo este o principal ativo da empresa.
    c) Esta perda reflete que o ativo estava superavaliado demonstrando uma incompatibilidade entre o projeto de investimento versus fluxo de caixa futuros.

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  5. Fernanda Artioli Russo10 de maio de 2011 às 19:40

    Respostas:

    a) O resultado não foi apenas contábil, pois o valor justo dos ativos é menor que o valor lançado inicialemnte, o que afetas diretamente os lucros e dividendos.
    b) Não acredito que isso impactará na geração de fluxo de caixa, pois o impairment reflete a correção de um fator que já era presente na geração dos fluxos de caixa e que ainda não havia sido lançado.
    c) Esta perda revela que a empresa estava superavaliada. O impairment acaba funcionando como uma medida de transparência, contribuindo para evitar a manipulação dos resultados das empresas.

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  6. Tania de Souza Ennes - Controller Avançado

    a) A perda não é meramente contábil, pois efeta a distribuição de dividendos e por consequencia avaliação da empresa no mercado.

    b)Não afetará diretamente o fluxo de caixa operacional,uma vez que não esta ligado a operação da empresa, mas terá impacto no fluxo de caixa de financiamento devido ao reconhecimento da perda por impairment.

    c)Que os ativos estavam superavaliados(superfaturados) ou não foram depreciados\amortizados corretamente.

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  7. Rafael Bacega – Controller Avançado

    a. O prejuízo registrado não foi meramente contábil, essa perda foi econômica afetando os resultados da companhia.
    b. As perdas não afetam os FC futuros, mas essa perda evidencia que o projeto não foi bem planejado. Do ponto de vista de viabilidade, esse projeto não gerou FC para remunerar o investimento, ou seja, o FC já está afetado remunerando um valor abaixo do esperado para o investimento.
    c. Ela mostra que a empresa colocou um projeto em execução sem medir possíveis estouros no custo/prazo, isso reforça a necessidade de uma administração eficiente e com assertividade em prazos. O estouro do prazo e no custo foram os ofensores desse projeto, já que a sua remuneração demorou para começar. As novas regras contábeis promovem a exposição das decisões de investimento da administração, trazendo a tona eventuais erros ou mudanças de mercado.

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  8. Adernando Morbeck - Controller Avançado16 de maio de 2011 às 04:53

    a) Entendo que o prejuízo é contábil, portanto não.
    b) Sim, O fluxo de caixa será afetado, depreciação menor causa lucro maior e portanto maior pagamento de impostos, apesar do cálculo de impostos considerar prejuízos anteriores.
    c) Foi uma bolha premeditada e ficaria preservada se não mudasse a legislação. Entendo que o mercado foi privilegiado com informações melhores.

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  9. A) Posso dizer que a empresa teve prejuizo meramente contabil, pois o investimento inicial foi muito alto, porém o retorno a longo prazo não será o esperado por conta dessa alteração.
    B) Sim, afeterá sim, porque fluxo projetado mes a mes, tende ser alterado, mudando toda a estrutura financeira da empresa.
    C)A visão que empresa tinha a curto e longo prazo, foi totalmente mudado bruscamente, levando a empresa ter um deficit no seu lucro. Isso demonstra que ela não estava preparado para tal mudança.
    Douglas Dantas - Controladoria Turma V.

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  10. A) Entendo que o resultado não foi meramente contábil,devido ter afetado os lucros da empresa.
    B) A perda não apresentará reflexos nos fluxos de caixa futuros; porém não houve um planejamento eficaz,resultando em um retorno abaixo do esperado.
    C)Não houve uma boa administração no projeto.Porém com as novas regras contábeis torna-se uma ferramenta mais eficaz nas tomadas de decisão,proporcionando maior transparência e consequentemente eliminando a manipulação dos resultados.
    Flávia - Controladoria Turma V.

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  11. a) Não, na minha opinião o preuízo hoje contábil será financeiro no futuro.
    b)Sim, no futuro haverá alteração no fluxo contábil.
    c)O mais importante que podemos tirar de lição é o erro de planejamento e execução impactando hoje no resultado, pelo método anteriormente só iríamos percerber o impacto no futuro.
    Danilo - Turma V - Controladoria

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  12. a) Na minha opinião, não foi meramente contábil, pois o ajuste realizado por consequência da reavaliação do ativo foi tão impactante a ponto de consumir todo o lucro da empresa obtido em um ano e sem expectativa de recuperação.
    b)Acredito que sim, embora não haja saída de caixa, mas o impacto virá ao longo do tempo, tendo em vista a perda do lucro obtido.
    c)Ao meu ver isto revela que os ativos estavam super valorizados e que a empresa não estava atenta a necessidade de depreciação e preparada para a nova regra.
    Viviane Mohamed - Controladoria - Turma V

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  13. A- Na minha opinião o resultado não foi apenas contábil, pois o valor justo dos ativos era menor que o valor contabilizado, isto afetou diretamente os lucros e dividendos da CIA.

    B- Considero que essa perda não afetará os fluxos de Caixas futuros, pois evidencia apenas uma redução/correção do valor dos ativos geradores de caixa.

    C- Essa perda indica que os ativos da empresa estavam valorizados a um preço superior, ou seja bem acima do valor de mercado.
    ANA PAULA DANTAS

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  14. a. Na sua opinião, a CESP registrou um prejuízo meramente contábil, ou seja, não tem nenhum significado econômico?

    O prejuízo foi em decorrência de um ajuste contábil, porem isso não ira refletir no Imposto de Renda, onde esse ajuste deverá ser revertido no Lalur. Porem a longo prazo, em uma possivel venda da empresa o valor negociado sera sim afetado uma vez o PL sofreu uma forte queda.

    b. A perda registrada pela CESP é algo que afetará seus fluxos de caixa futuros?

    Sim, pois o ajuste se decorreu justamente por falta de expectativa de fluxo de caixa futuro.

    c. Qual a sua interpretação sobre essa perda? O que ela revela?

    É que é uma perda contabil, revertida fiscalmente, não afetando o caixa da empresa, pelo menos a curto prazo, porém em uma possivel venda o valor negociado estara totalmente afetado.

    Rafael Aquino
    Controladoria 01V

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