Quando falamos em gestão de riscos, estamos admitindo que um negócio pode não sair exatamente como foi planejado. Por exemplo, se eu tenho um carrinho de lanches onde vendo hot dogs ao preço de R$ 1,50, e planejo vender 80 unidades por dia útil, estou esperando uma receita mensal de R$ 2.400,00. Se o custo unitário do meu hot dog é de R$ 1,00, espero ter um custo mensal de R$ 1.600,00, e um lucro de R$ 800,00.
Ora, muita coisa pode acontecer e impactar o valor do meu lucro. O preço dos insumos pode subir, um concorrente pode me forçar a baixar os preços e eu posso ter um volume de vendas diferente do esperado. Todos esses são fatores de risco.
Quando reduzimos o risco a um número, normalmente estamos nos referindo ao desvio padrão que o valor do lucro pode ter. Assim, um risco de 10% no meu lucro de R$ 800,00 significa que há grande chance do valor do lucro se situar no intervalo de R$ 720,00 à R$ 880,00. Quanto menor o risco, mais estreito será esse intervalo.
O primeiro passo para o desenvolvimento de uma estratégia eficaz é a identificação do risco. É preciso saber que existem riscos sistemáticos, riscos não sistemáticos, riscos do negócio e riscos estratégicos.
Os riscos sistemáticos (ou não-diversificáveis) normalmente se referem a riscos macro-econômicos, políticos ou sociais, que impactam na variação de juros, inflação, percepção de mercados, barreiras tarifárias e outros. Inflação pode aumentar o preço dos insumos do meu hot dog, o que faria com que eu repassasse esses custos para o preço do produto e, talvez, impactasse em queda do volume vendido.
Já os riscos não-sistemáticos são chamados de diversificáveis, pois se referem a particularidades de um segmento, de uma entidade ou de uma classe de investimento. Em um mundo preocupado com uma alimentação mais saudável, é possível que a demanda por hot dogs caia no longo prazo. Como a diversificação de uma carteira de investimentos pode eliminar ou reduzir os riscos não-sistemáticos, eu deveria investir parte dos meus lucros em um outro negócio, que compensasse perdas no carrinho de lanches.
O risco estratégico é aquele que a entidade corre para obter vantagem competitiva. Exemplos dessa classe de riscos são o desenvolvimento de novos produtos, a entrada em um novo mercado e ações de marketing. Buscando diferenciação, acrescentei um molho apimentado no hot dog, o que pode trazer novos clientes ao negócio, mas também pode afastá-los. De qualquer forma, é fundamental ter uma estratégia e estar disposto a correr seus riscos.
Por último, o risco do negócio ou risco operacional é aquele que está relacionado com problemas tecnológicos, má administração, falta de controles e falha humana.
O segundo passo é a quantificação do risco. Técnicas baseadas no VaR (Value at Risk), metodologia desenvolvida pelo JPMorgan em 1994, Teoria das Opções Reais e Análise de Cenários são algumas das ferramentas que devem ser estudadas, adaptadas e aplicadas aos riscos identificados. Cenários de estresse devem ser pensados para quantificar o tamanho do estrago que determinados riscos podem produzir.
Poderíamos pensar, por exemplo, em um cenário onde a demanda por hot dogs cai 50%, ou ainda, em outro onde o preço de venda cai, mas os custos não.
Após a identificação e a quantificação dos riscos, o terceiro passo é arquitetar a estratégia de hedge (proteção) da corporação. Uma estratégia eficaz deve levar em conta não só os riscos, mas os objetivos e a cultura da organização.
Riscos financeiros ou de preços podem ser eliminados ou mitigados através de transações com derivativos ou instrumentos financeiros não-derivativos que produzam efeito oposto ao da exposição. Os riscos não-financeiros podem ser mitigados com ações de entrada, saída, aumento ou redução de participação em determinado negócio/ segmento, por exemplo. Deriva de decisões estratégicas, e não meramente técnicas.
O quarto e último passo para uma gestão eficaz de riscos é o controle. A efetividade da estratégia de hedge deve ser projetada antes e acompanhada durante sua execução. Uma estratégia eficaz é aquela que mitiga riscos de forma eficiente, com o menor custo possível, o que não é tarefa fácil, é verdade.
A eliminação completa dos riscos é impossível, e nem deveria ser desejada. É sempre bom lembrar que não existe oportunidade sem risco. O desafio é equilibrar a equação de risco e retorno de forma que atenda adequadamente às expectativas do investidor, de forma justa, ética e, como não poderia deixar de ser, empreendedora.
Texto de Eric Barreto, publicado originalmente no Financial Web, sob o título "Quatro passos para uma gestão eficaz de riscos" (http://www.financialweb.com.br/noticias/index.asp?cod=70024), em julho/2010.
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sexta-feira, 13 de agosto de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Fator diversifica e cria área para segmento imobiliário
Por Alessandra Bellotto, de São Paulo
22/07/2010
Roberto Jayme/Photonews
Valdery Albuquerque: operações atraíram não só clientes private do próprio Fator como também de outros bancos
O Banco Fator, com forte atuação no segmento corporativo e de transações estruturadas, está diversificando seus negócios. Acaba de estrear no mercado de fundos imobiliários, com uma oferta de R$ 100 milhões do Fator Verita. A operação marca a conclusão do projeto iniciado há dois anos, com a contratação de Valdery Albuquerque para estruturar uma área de ativos financeiros de base imobiliária.
Albuquerque - que tem no currículo a presidência da Caixa Econômica Federal e da Nossa Caixa - conta que o objetivo do Fator era aumentar o portfólio de produtos do banco com opções atraentes do ponto de vista de retorno, mas com risco controlado. Depois de estruturar a área e montar a equipe, que hoje conta com sete pessoas dedicadas, deu-se início à primeira fase do plano, com a coordenação de duas ofertas de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), em fevereiro e março deste ano.
"A iniciativa teve impacto muito positivo para o banco, uma vez que as operações não só atraíram clientes ativos do segmento private do Fator como trouxeram novos investidores para a casa", afirma o executivo. Depois das duas iniciais, o Fator já distribuiu mais cinco emissões de CRIs e há outras cinco no forno.
Esses títulos, segundo Albuquerque, oferecem retornos atraentes com uma estrutura de risco adequada, já que representam recebíveis com origem em contratos de imóveis com alienação fiduciária, além da isenção de imposto de renda no rendimento para pessoa física. A falta de liquidez, contudo, é um problema, mas o lançamento de fundos para investir nesses papéis pode contribuir para ampliar o mercado secundário.
Para fechar o projeto, faltava entrar na estruturação de fundos imobiliários. Por que então não unir a expertise de análise de risco de CRI com um fundo imobiliário, que amplia o acesso de investidores aos certificados pelo tíquete menor de investimento? "Nosso cliente não quer, necessariamente, colocar R$ 300 mil (valor mínimo de aplicação) em um único CRI", diz Albuquerque.
Sem contar a dificuldade de análise desse tipo de operação. O Fator Verita, fundo que vai aplicar em CRIs, oferece uma análise profissional dos títulos, além de diversificação e aplicação mínima de R$ 20 mil, segundo o prospecto arquivado na CVM. Outra demanda do investidor atendida pelo fundo, que tem prazo de 12 anos, é a distribuição semestral dos rendimentos, já que os CRIs pagam juros mensais. A rentabilidade-alvo da carteira é a variação do IGP-M mais 8% ao ano. Vale lembrar que, como a carteira terá as cotas negociadas em bolsa, também há o benefício da isenção de IR para a pessoa física.
E tem mais fundo por aí. Até o fim do ano, o plano é lançar mais uma carteira imobiliária, desta vez para investir no desenvolvimento de empreendimentos comerciais, como shopping centers. O público-alvo, nesse caso, é o investidor mais sofisticado, como os institucionais.
22/07/2010
Roberto Jayme/Photonews
Valdery Albuquerque: operações atraíram não só clientes private do próprio Fator como também de outros bancos
O Banco Fator, com forte atuação no segmento corporativo e de transações estruturadas, está diversificando seus negócios. Acaba de estrear no mercado de fundos imobiliários, com uma oferta de R$ 100 milhões do Fator Verita. A operação marca a conclusão do projeto iniciado há dois anos, com a contratação de Valdery Albuquerque para estruturar uma área de ativos financeiros de base imobiliária.
Albuquerque - que tem no currículo a presidência da Caixa Econômica Federal e da Nossa Caixa - conta que o objetivo do Fator era aumentar o portfólio de produtos do banco com opções atraentes do ponto de vista de retorno, mas com risco controlado. Depois de estruturar a área e montar a equipe, que hoje conta com sete pessoas dedicadas, deu-se início à primeira fase do plano, com a coordenação de duas ofertas de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), em fevereiro e março deste ano.
"A iniciativa teve impacto muito positivo para o banco, uma vez que as operações não só atraíram clientes ativos do segmento private do Fator como trouxeram novos investidores para a casa", afirma o executivo. Depois das duas iniciais, o Fator já distribuiu mais cinco emissões de CRIs e há outras cinco no forno.
Esses títulos, segundo Albuquerque, oferecem retornos atraentes com uma estrutura de risco adequada, já que representam recebíveis com origem em contratos de imóveis com alienação fiduciária, além da isenção de imposto de renda no rendimento para pessoa física. A falta de liquidez, contudo, é um problema, mas o lançamento de fundos para investir nesses papéis pode contribuir para ampliar o mercado secundário.
Para fechar o projeto, faltava entrar na estruturação de fundos imobiliários. Por que então não unir a expertise de análise de risco de CRI com um fundo imobiliário, que amplia o acesso de investidores aos certificados pelo tíquete menor de investimento? "Nosso cliente não quer, necessariamente, colocar R$ 300 mil (valor mínimo de aplicação) em um único CRI", diz Albuquerque.
Sem contar a dificuldade de análise desse tipo de operação. O Fator Verita, fundo que vai aplicar em CRIs, oferece uma análise profissional dos títulos, além de diversificação e aplicação mínima de R$ 20 mil, segundo o prospecto arquivado na CVM. Outra demanda do investidor atendida pelo fundo, que tem prazo de 12 anos, é a distribuição semestral dos rendimentos, já que os CRIs pagam juros mensais. A rentabilidade-alvo da carteira é a variação do IGP-M mais 8% ao ano. Vale lembrar que, como a carteira terá as cotas negociadas em bolsa, também há o benefício da isenção de IR para a pessoa física.
E tem mais fundo por aí. Até o fim do ano, o plano é lançar mais uma carteira imobiliária, desta vez para investir no desenvolvimento de empreendimentos comerciais, como shopping centers. O público-alvo, nesse caso, é o investidor mais sofisticado, como os institucionais.
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