domingo, 2 de outubro de 2011

As bicicletas são invisíveis


Há poucos meses, resolvi mudar um pouco a minha rotina, colocando em prática conceitos de sustentabilidade nos quais acredito, porém, muitas vezes me sentia mal por deixa-los somente na teoria. Comprei uma bicicleta elétrica e decidi deixar o carro na garagem durante a semana.
Desde o início, os três principais tipos de reação à minha opção de transporte foram:
Reação 1 - “Você é louco! Ninguém respeita o trânsito em São Paulo!”
Reação 2 – “Bicicleta elétrica? ...assim até eu... (risos)”
Reação 3 – “Que legal! Tenho vontade de fazer isso, mas São Paulo não é uma cidade plana, não há ciclovias, não tem como pedalar com roupas de trabalho, não tem como carregar a bicicleta no transporte público, etc.”
Hoje, posso assegurar que qualquer uma dessas três reações faz sentido.
A cidade realmente não é plana, por isso, a bicicleta elétrica é uma saída para aqueles que, como eu, não são grandes atletas, mas querem fugir do sedentarismo e, ao mesmo tempo, contribuir para uma cidade com menos trânsito e poluição. Problema: com uma carga tributária absurda e sem fabricantes nacionais, uma bike elétrica não sai por menos de R$ 2 mil. Espero que isso mude depressa!
Quanto às roupas de trabalho, resolvi o problema instalando um bagageiro, daqueles parecidos com as motos de entrega. A camisa limpa vai guardada no bagageiro, e só é retirada de lá quando chego no trabalho.
Integração com o transporte público? Tenho visto a abertura de vários bicicletários em estações do Metrô e Trem de SP. Na Estação Butantã, inaugurada em 2011, o espaço para as magrelas já não é suficiente para a demanda. Para quem prefere carregar sua companheira no Metrô, em um dos vagões da ponta há uma sinalização dizendo “aqui sua bicicleta é bem vinda”. Sinceramente, não sei para quem ela é bem vinda, pois nos horários de pico, mal cabe um par de patins nas composições. De fato, nunca vi uma bicicleta dentro do Metrô ou do Trem. Talvez esteja enxergando mal...
E as ciclovias? Fiquei sabendo que foi construída uma na Radial Leste, paralela ao Metrô, mas ainda não vi. Basta pensar um pouquinho sobre o assunto para entender que as ciclovias devem complementar o caminho do transporte público, e não concorrer com ele. Assim, seria muito mais útil construir ciclovias para levar ao Metrô e não para andar ao lado dele... Há uma ciclovia que vai de Interlagos à Vila Olímpia, paralela ao trilho do trem, coladinho à margem do Rio Pinheiros. Essa eu vejo sempre, mas não pedalo nela. Não, não vou reclamar do mal cheiro do Rio, e nem do fato desta ciclovia fazer exatamente o mesmo caminho do trem. Eu não poderia fazer pouco caso da “boa vontade” do poder público em construí-la... O fato é que toda semana passo ao lado desta ciclovia, mas nunca vejo bicicletas por lá. Será que não existem bicicletas na cidade ou as bicicletas são invisíveis?
Nosso Prefeito se gaba ao falar sobre as ciclofaixas, espaço reservado para a circulação de bicicletas que liga alguns parques da cidade. As faixas fazem muito sucesso entre os ciclistas.  Pena que FUNCIONAM SOMENTE AOS DOMINGOS...
Para aqueles que riem quando eu digo que a bicicleta é elétrica, podem rir mesmo. Se até eu consigo, tenham certeza de que muitos outros podem sair do sedentarismo. A propósito, continuo acima do peso mas, sem fazer dieta, a medida das minhas calças e cintos já diminuiu um pouquinho.
Por fim, para aqueles que acham que eu sou louco por andar de bicicleta no trânsito, eu digo: sou um louco consciente. Tomo todo o cuidado do mundo, mas os carros, as motos e os ônibus não enxergam as bicicletas. Elas são muitas, mas as bicicletas são invisíveis aos olhos dos motoristas e motociclistas, e mesmo assim, vivem atrapalhando aqueles que colocam a vida do ciclista em risco, em troca de alguns poucos minutos ou, na maioria das vezes, para parar no trânsito que com certeza está esperando a poucos metros.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

International Financial Reporting Standards (IFRS) Conferência: São Paulo



IFRS Foundation Conferência: São Paulo 2011 - dias 27 e 28 de outubro de 2011

A conferência oferece uma excelente oportunidade para compreender os projetos do IASB, e saber um pouco sobre o futuro do padrão mundial de contabilidade.

Destaques da conferência incluem:
O futuro do IFRS e o caminho a seguir pelo IASB
Projetos ativos e recentes alterações no IFRS
Perspectivas dos preparadores
Implementação do IFRS na América Latina

Sessões separadas serão realizadas em: 
Atividade de extração
O IFRS para PME
Mensuração, incluindo IFRS 13, que fala sobre contabilidade a valor justo
Questões de apresentação e divulgação
Passivos
Estrutura conceitual da contabilidade

Liderada por membros do IASB e diversas autoridades no cenário econômico, as sessões serão interativas, dando a oportunidade de discutir questões relevantes sobre os temas em pauta.

Acesse http://www.informaglobalevents.com/event/ifrs-foundation-conference-sao-paulo-brazil-2011


Participantes:

Alexsandro Broedel Lopes - Diretor da CVM
Armínio Fraga - Presidente do Conselho de Administração da BMF Bovespa
Pedro Malan - Trustee IFRS Foundation
Mary Barth - Professora da Stanford University
Ricardo Lopes Cardoso - Professor associado EBAPE / FGV
Hans Hoogervorst - Chairman do IASB
Wayne Upton - Chairman IFRS Interpretations Committee e Diretor de Atividades Internacionais
Paul Pacter - Membro IASB
Engströn Jan - Membro IASB
Ian Mackintosh - Vice-Chairman IASB
Amaro Gomes - Membro IASB
João Santos - Gerente Técnico do IASB
Glenn Brady - Gerente Técnico Senior do IASB
Bob Garnett - Ex-Chairman do IFRS Interpretations Committee
Domingos Figueiredo de Abreu - CFO do Bradesco
Paul Sutcliffe - Sócio da da Ernst & Young Terco Brasil
André Werner, Head do Risco de Mercado , Vale SA
Andrea da Silva Santos, Consultora Contábil e de Planejamento , Petrobras
Caio Ibrahim David, diretor executivo e CFO, Itaú Unibanco SA
Kenny Bement , Project Manager , FASB
Luiz Murilo Strube Lima , Coordenador de Projetos Especiais , Petrobras
Rodrigo Rosa, CAO , Embraer
Tadeu Cendon, sócio, PwC


Tivoli São Paulo - Mofarrej, Brazil

Alameda Santos, 1437
Cerqueira César
CEP - 01419-001
São Paulo • Brasil

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Shoppings rejeitam 'valor justo'


BR Malls, Multiplan, Iguatemi, Aliansce, Sonae Sierra e General possuem participações em shopping centers que foram avaliadas em R$ 32,3 bilhões no fim de 2010. O montante é 73% maior até mesmo que o valor de mercado conjunto dessas empresas, que pelos dados de terça-feira era de R$ 18,7 bilhões.
Uma parte dessa riqueza, entretanto, não consta como ativo ou patrimônio das empresas, ficando "escondida" nas notas explicativas dos demonstrativos financeiros. Se o investidor procurar no balanço patrimonial de cada uma e fizer a soma dos montantes registrados, encontrará a cifra de R$ 17,6 bilhões.
A diferença, de R$ 14,7 bilhões, poderia ter deixado de existir no fim do ano passado, se as administradoras de shoppings tivessem optado por registrar seus empreendimentos pelo preço de mercado, ou, como se diz no jargão contábil, pelo "valor justo".
No entanto, das seis empresas abertas com atuação mais forte nesse setor, apenas BR Malls e Sonae Sierra seguiram esse caminho, em que os imóveis comerciais são registrados pelo valor de mercado e sua apreciação ou desvalorização passa a afetar o lucro líquido do exercício.
Com o argumento do conservadorismo, as demais rejeitaram a novidade e continuam registrando os shoppings da mesma forma. A única diferença foi que Iguatemi e Aliansce, que faziam a depreciação dos empreendimentos com base em vida útil de 25 anos, passaram a fazer os lançamentos mais lentamente, com uma vida útil maior, de 45 anos no primeiro caso, e de 40 a 48 anos no segundo.
Multiplan e General já usavam períodos mais longos, próximos de 50 anos, para realizar a depreciação.
O novo padrão de contabilidade brasileiro, que tem como base o modelo internacional IFRS, tem uma regra específica para tratar as "propriedades para investimento", que são aquelas mantidas para se receber renda de aluguel ou valorização do capital, que é o caso dos shopping centers para as administradoras.
Isso difere esses imóveis daqueles usados para produção ou fornecimento de bens e serviços, que são classificados como ativo imobilizado pela contabilidade e não são ajustados pelo valor de mercado.
Conforme a nova regra contábil, as empresas podem optar por registrar as propriedades para investimento no balanço pelo custo, com sua respectiva depreciação, ou pelo valor de mercado, com correção periódica.
Embora a regra permita o uso do custo, ela sugere uma preferência pelo valor justo. Isso porque o texto destaca que é possível uma mudança voluntária da prática contábil, se essa alteração resultar Página 1 de 2 "numa apresentação mais apropriada das operações". E acrescenta: "É altamente improvável que uma alteração do método do valor justo para o método do custo resulte numa apresentação mais apropriada".
Os caminhos distintos adotados pelas empresas pode dificultar a vida de investidores e analistas na hora de fazer comparações entre as empresas, já que a atualização dos preços dos imóveis afeta o lucro (para mais ou para menos), mas não a receita de serviços. Qualquer medida que tenha o lucro líquido como base fica distorcida, como é o caso da margem líquida. No caso da BR Malls, esse índice ficou em 90% em 2010, contra 36% da principal rival, a Multiplan.
Mesmo em minoria no mercado, a BR Malls não se arrepende da escolha. "Obviamente, o sentido dessa regra específica e de todas as outras mudanças de práticas, como a de instrumentos financeiros, por exemplo, é para que os ativos sejam avaliados a valor de mercado, para dar mais transparência", afirma Leandro Bousquet, diretor de relações com investidores da companhia. Ele acrescenta ainda que a BR Malls usou como referência as grandes empresas europeias do setor. "O IFRS é adotado na Europa e tende a convergir para ser o padrão mundial. E a maioria esmagadora das empresas de lá adota o valor justo", diz.
Já Renato Botelho, diretor financeiro da Aliansce, que optou por seguir com custo, também tem seus argumentos. "Mantenho o mercado informado na nota explicativa. Mas não vou trazer para o resultado essas variações. Não é nosso negócio vender essas propriedades para investimento", afirma o executivo.
Segundo Botelho, uma mudança na taxa de desconto usada para avaliar os empreendimentos poderia "contaminar" o resultado e também afetar a política de dividendos da companhia.
No caso da BR Malls, segundo Bousquet, são distribuídos aos acionistas somente os resultados realizados, o que não inclui a valorização dos empreendimentos.
Em relação à comparação, tanto Bousquet como Botelho ressaltam que existem dados ajustados que permitem as análises.

Valor Econômico
Fernando Torres | De São Paulo
31/03/2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Brasileiras no ranking das melhores escolas de negócios do mundo

Há cerca de 10 dias, o Financial Times publicou o ranking de 2011 com as melhores escolas de negócios do mundo.

No ranking dos melhores MBAs, nenhuma escola brasileira. Entre os latino americanos, apenas a Ipade, do México, a Incae Business School, da Costa Rica, e a IAE Business School, da Argentina.

Já no ranking que considera cursos abertos, surgem quatro escolas brasileiras: Fundação Dom Cabral, FIA, Insper e a estreante Saint Paul Escola de Negócios, que se candidatou pela primeira vez e já entrou no seleto ranking.

Entre os provedores de cursos customizados, encontramos novamente as brasileiras Fundação Dom Cabral, FIA e Insper. A Dom Cabral realmente surpreendeu, ficando em terceiro lugar nesse ranking, acima de escolas como Harvard e Insead.

É um orgulho para qualquer brasileiro saber que nossas escolas estão alcançando reconhecimento internacional. Eu fico especialmente contente porque trabalho em algumas dessas instituições, no entanto, a realidade é que essas escolas infelizmente não representam a média de qualidade da educação brasileira. Ao contrário, junto com outras escolas que não figuraram nesses rankings em 2011, como FGV, FIPECAFI, Ibmec e FUCAPE, fazem parte de uma exceção à má qualidade do ensino no Brasil.

Acesse o ranking do FT através do link:
http://rankings.ft.com/businessschoolrankings/rankings

Valor Econômico: Cruzeiro do Sul usa brecha e dobra patrimônio no IFRS


Ao apresentar seu balanço de 2010 conforme o padrão internacional de contabilidade IFRS – com uma semana de atraso em relação ao prazo estabelecido pelo Banco Central -, o Banco Cruzeiro do Sul exibiu uma decisão inédita entre os bancos do país, que engordou seu patrimônio líquido em mais de R$ 500 milhões. Optou por classificar a maior parte da sua carteira de empréstimos (ou R$ 6,6 bilhões), como “disponível para venda”, o que exige o registro pelo valor de mercado. Normalmente, os bancos classificam suas carteiras de títulos e valores mobiliários dessa forma. O impacto já líquido de imposto de mais de R$ 500 milhões dobrou o patrimônio do banco, que fechou 2010 em R$ 1,07 bilhão pelo IFRS.

Com a marcação a mercado, o fluxo de recursos que seria recebido ao longo do prazo do empréstimo é trazido a valor presente, o que causa o efeito positivo, mesmo com uma taxa de desconto.

A decisão deixa o banco menos alavancado para o leitor das demonstrações financeiras dentro desse padrão contábil. Principalmente porque outra regra do IFRS, essa obrigatória, exige que a carteira de crédito cedida a outros bancos com coobrigação em caso de inadimplência volte para o balanço. No caso do Cruzeiro do Sul, isso gerou aumento de 21% nos ativos totais, que subiram de R$ 9 bilhões para R$ 10,89 bilhões.

Essa segunda regra afeta especialmente os números dos bancos que atuam de forma relevante com empréstimos consignados e que costumam originar mais empréstimos do que realmente carregam dentro do balanço e, por essa razão, vendem suas carteiras a instituições maiores.

Conforme o Valor publicou na semana passada, o banco BMG, que se enquadra bem nesse perfil, viu seus ativos mais do que dobrarem e seu patrimônio líquido cair pela metade na comparação entre o padrão contábil do Banco Central, ainda vigente para os bancos brasileiros, e o demonstrativo no modelo IFRS. O balanço pelo padrão internacional passou a ser exigido pelo próprio BC agora, de forma paralela.

=> COMENTÁRIOS ERIC BARRETO: A marcação a mercado da carteira de crédito aumentou o PL do Banco, porém, a volta das carteiras cedidas com coobrigação para o ativo do Cruzeiro do Sul em nada reduziu sua alavancagem. Ao contrário, quando os ativos cedidos com coobrigação voltam para o ativo, o Banco também é obrigado a registrar um passivo pela obrigação de entregar caixa ao comprador dos créditos. No caso do BMG, boa parte da queda do PL é explicada pela reversão dos lucros que havia registrado nessas cessões de crédito, pois se a carteira volta para o ativo, o lucro contabilizado no momento da cessão também deixa de existir.

Mas não se sabe como ficaria o balanço do BMG se tivesse tomado a mesma decisão que o Cruzeiro do Sul para classificação dos empréstimos. Isso porque essa realocação só pode ser feita com a carteira que ainda não foi cedida.

=> COMENTÁRIOS ERIC BARRETO: O valor justo de uma carteira de crédito reflete o montante pelo qual esse ativo poderia ser trocado na data de mensuração. É importante lembrar que mensurar um ativo pelo valor justo não é garantia de acréscimo no PL. Como o valor justo reflete condições de mercado, ativos diferentes podem ter condições diferentes.

“Os bancos que cedem muito não têm mais ativo para fazer o valor justo. Se o banco já cedeu de 70% a 80% dos empréstimos, o valor justo é aquele pelo qual foi fechada a venda”, afirma Luiz Octávio Índio da Costa, diretor-superintendente do Cruzeiro do Sul, ao destacar que em 2010 o banco conservou 88% dos empréstimos dentro do seu balanço.

Índio da Costa menciona ainda que foi possível fazer o reconhecimento da carteira de empréstimos a valor justo porque existe um mercado ativo para crédito consignado, o que não ocorre com financiamentos de empresas de médio porte, por exemplo. Esse mercado, como se sabe, entretanto, se retraiu bastante desde o episódio do PanAmericano.

=> COMENTÁRIOS ERIC BARRETO: Outro ponto a considerar é que os bancos estão publicando as demonstrações financeiras de 2010, tendo o balanço de abertura em IFRS em 1 de janeiro de 2009 (ou 2010, para aqueles que utilizaram uma isenção do Banco Central do Brasil), quando o episódio do PanAmericano ainda não era público, devendo ser ignorado para fins de registro contábil.

Ainda segundo o executivo, a classificação como disponível para venda não representa uma certeza de que os empréstimos serão repassados. “Não estou dizendo que vou vender, nem as condições exatas. Se fosse assim os empréstimos entrariam na categoria de trading (para negociação)” afirma. “Mas, por outro lado, é notório que vendemos bastante em 2008, por conta crise. Então também não é certo dizer que não vamos vender”, acrescenta.

Para implantação do IFRS, o banco contou com assessoria da FBM Consulting. No caso da classificação dos empréstimos como disponíveis para venda, a instituição pediu ainda um parecer do professor Eliseu Martins, especialista em contabilidade e ex-diretor da CVM. “Eles me consultaram, analisei o caso, e entendi que podia ser feito”, afirma Martins. Segundo ele, a filosofia do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), que edita as IFRS, é de que, se fosse possível, todo o balanço seria a valor justo. Dessa forma, o registro de instrumentos financeiros pelo custo amortizado (ou pela curva), prática mais comum para empréstimos e recebíveis, pode ser visto como exceção dentro das regras internacionais.

O professor, entretanto, faz a ressalva de que essa classificação é temporária. A partir de 2013, um novo pronunciamento contábil do Iasb deve entrar em vigor e acabar com essa categoria de “disponível para venda”, em que os efeitos do valor justo aparecem no patrimônio. Por essa norma, chamada de IFRS 9, a depender da forma de gestão dos ativos, os instrumentos devem ser reconhecidos pelo preço de mercado ou pelo custo. Nos dois casos, o impacto ocorrerá sempre sobre o lucro do período.

Segundo Ronaldo Dias, sócio da FBM Consulting, no modelo atual a forma como a administração enxerga o negócio também influencia na classificação de uma carteira. Ele conta que a sua consultoria assessorou de 13 a 14 instituições financeiras na implantação do IFRS, mas que nenhuma outra optou pelo mesmo caminho do Cruzeiro do Sul. Desses clientes, diz ele, dois têm a cessão de carteira como atividade relevante, mas havia uma diferença. “Muitas instituições vendem para fundos de recebíveis do próprio banco – e não para um terceiro. Nesse caso decidiram manter os ativos como empréstimos porque, no frigir dos ovos, o crédito continua dentro do grupo”, explica Dias.

Fonte: Fernando Torres, Valor Economico

quarta-feira, 11 de maio de 2011

SAINT PAUL EDUCACIONAL está entre as 65 melhores escolas de negócios do mundo








Se consolidar como a quinta opção para os executivos, ao lado da Fundação Dom Cabral (FDC), da Fundação Instituto de Administração (FIA), da Fundação Getulio Vargas (FGV) e Insper. Este é o objetivo da Saint Paul Educacional, que estreia este ano no ranking das melhores escolas de negócios do mundo do “Financial Times”. A instituição ocupa a 58 ª posição entre os cursos abertos mais bem avaliados pelos alunos.

Na opinião do diretor-presidente José Cláudio Securato, o resultado foi bastante positivo. “Embora exista há 12 anos, esta foi a primeira vez que inscrevemos a escola na pesquisa”, revela. Um dos diferenciais da Saint Paul, segundo Securato, é a qualidade do conteúdo e do material didático, uma vez que a escola tem sua própria editora. “Publicamos pesquisas e livros de finanças e negócios escritos pelos nossos cerca de 200 professores.”

Os cursos abertos de extensão avaliados no ranking duram em média seis meses e capacitaram 3.500 executivos no ano passado. A expectativa para 2011 é atingir o índice de 4.500 matrículas. Para dar conta da demanda, Securato planeja aumentar em 20% o total de professores e subir de 10 para 15 o número de salas de aula.

O diretor-presidente reconhece que o setor tem sido impulsionado pelo bom momento da economia e pelos grandes projetos no qual o Brasil vai estar envolvido pelos próximos anos como pré-sal, Copa do Mundo e Olimpíada. Ele ressalta, contudo, que esse crescimento é sustentável. “As empresas estão investindo mais na qualificação de seus executivos, assim como os profissionais têm buscado se aperfeiçoar por conta própria”, diz.

Fonte: Rafael Sigollo, Valor Economico

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Questões sobre arrendamento mercantil


O arrendamento mercantil oferecia às empresas brasileiras duas vantagens bastante relevantes em relação aos financiamentos comuns: a tributação como se fosse um serviço, em vez de operação financeira, e também o tratamento contábil, que privilegiava a forma contratual do arrendamento, fazendo com que o bem objeto não fosse registrado como um ativo e, consequentemente, a dívida dessa operação permanecesse fora do balanço.
Com a Lei 11.638/07 e a adoção do padrão internacional de contabilidade (IFRS), operações enquadradas como arrendamento mercantil financeiro exigem a ativação do bem, assim como o registro da dívida pelo valor presente dos pagamentos contratados.
Você entende que o pronunciamento contábil que trata desse assunto (CPC 06) traz informações mais ou menos relevantes para o usuário de informações contábeis externo?
Será que a maneira de contabilizar uma operação pode impactar no volume de negócios realizados através de leasing?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Redução do ativo ao seu valor recuperável - impairment


Estou republicando abaixo um texto de 2009, da Vanessa Adachi (Valor Econômico), que fala sobre a CESP, uma das primeiras entidades brasileiras a divulgar uma grande perda por impairment após a publicação da Lei 11.638. Em uma rápida busca na internet, é possível encontrar diversos textos sobre esse mesmo assunto, mas gosto de utilizar este em minhas aulas, uma vez que me parece mais isento e livre de alguns erros técnicos que são comuns em textos jornalísticos.

O objetivo de incentivar esse tipo de análise é criar uma visão crítica sobre normas, procedimentos e notícias que versam sobre assuntos técnicos.

"A Companhia Energética de São Paulo (Cesp) encerrou 2008 com prejuízo de R$ 2,35 bilhões. Não foram as operações da companhia ou o impacto da variação cambial sobre a sua dívida os responsáveis por tão grande perda. O prejuízo foi consequência da aplicação das novas regras contábeis.
Uma das novas regras obriga empresas a realizar reavaliações periódicas de alguns ativos. E quando o resultado da reavaliação aponta para um preço inferior ao chamado custo histórico, e não existe perspectiva de recuperação desse valor no futuro, a companhia é obrigada a fazer um ajuste, que leva à perda.
Foi o que aconteceu com uma das usinas geradoras de energia da Cesp, Porto Primavera. E o ajuste foi tão grande que consumiu todo o lucro que a empresa teve com sua atividade no ano passado. Porto Primavera tinha valor contábil de R$ 13,38 bilhões e a diferença em relação à reavaliação foi de R$ 2,47 bilhões.
O grande problema é que Porto Primavera, que representa 20% da capacidade geradora instalada da Cesp, custou caríssimo para ser construída, o que se refletiu no seu valor bilionário, muito superior a todas as demais usinas da empresa. " Enquanto uma usina leva em média 7 anos para ser construída, Porto Primavera levou 22 anos. A usina começou a ser construída em 1978 e só foi concluída em 2001. Sua primeira concessão expirou em 2008 e foi renovada até 2028, quando não será mais passível de prorrogação, pelas regras atuais vigentes.
Para se ter uma ideia do quanto Porto Primavera custou caro, o valor registrado de todas as usinas da Cesp soma R$ 17 bilhões, dos quais ela responde pelos R$ 13,38 bilhões.
Embora tal ajuste não tenha representado uma saída de caixa para a empresa, ao longo do tempo essa perda se materializará. Se a usina for vendida, por exemplo, ou quando expirar a concessão para sua operação e o governo federal retomá-la.
Segundo Toledo, pelas regras contábeis antigas, a Cesp teria registrado um lucro de R$ 115 milhões no ano passado, mesmo contando o efeito negativo de R$ 664 milhões que a desvalorização cambial teve sobre a dívida em dólar. Por conta do prejuízo, a empresa não terá dividendos a distribuir agora."


a. Na sua opinião, a CESP registrou um prejuízo meramente contábil, ou seja, não tem nenhum significado econômico?
b. A perda registrada pela CESP é algo que afetará seus fluxos de caixa futuros?
c. Qual a sua interpretação sobre essa perda? O que ela revela?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ativo financeiro com evidência de perda - ainda gera receita de juros?

Um amigo, funcionário de empresa de consultoria, fez uma pergunta a respeito de ativos financeiros com evidência de perda...

A situação: Existem alguns recebíveis que estão em situação de atraso, porém, após análise dos ativos, determinou-se que não havia perda incorrida para ser reconhecida nesses recebíveis.
A pergunta: É verdade que eu deveria parar de apropriar receitas financeiras sobre um ativo com evidência de perda?

Resposta: Absolutamente não. Um ativo financeiro é contabilizado pelo seu valor presente, e se não existe perda incorrida, espera-se que seu valor evolua em direção ao valor futuro. Para isso acontecer, o valor do ativo vai aumentando em contrapartida de receitas de juros.

A propósito, mesmo que uma perda fosse reconhecida sobre esse ativo, ainda assim ele estaria sujeito ao reconhecimento de receitas de juros. Ora, se um ativo financeiro sempre está registrado pelo valor presente, então, mesmo após o reconhecimento de uma perda, seu valor presente caminha em direção ao valor futuro, dando origem a receitas de juros.

Eric Barreto, Professor de Contabilidade e Finanças

Transações de Permuta


Um usuário deste blog começou a escrever seu trabalho de conclusão de curso sobre empresas que fazem negócios através de transações de permuta.
Ainda envolvido na parte conceitual do "escambo", ele me questionou a respeito da contabilização, se uma transação de permuta poderia gerar receita de venda do item que foi entregue na transação.
Minha resposta: Sim, pode, mas é preciso antes verificar se os itens objeto da transação possuem natureza e valores diferentes. Se eles possuírem natureza e valor semelhantes, não há geração de receitas, mas apenas uma troca de ativos. Isso é bastante comum quando, por questões logísticas, empresas trocam mercadorias que estão armazenadas em locais distintos.
Se a natureza e o valor de itens permutados forem diferentes entre si, a receita de venda deve ser registrada pelo valor justo do ativo recebido na troca.
No caso de não conseguir estimar o valor justo do ativo recebido, o valor justo do item entregue na transação pode ser utilizado como base para reconhecimento de receita.
Essas questões estão normatizadas no CPC 30 (IAS 18), que trata de receitas.

Eric Barreto, Professor de Contabilidade e Finanças